17 outubro 2012

[Resenha] O Vendedor de Armas

“A dor é um evento. Ela acontece com você, e você lida com ela da melhor maneira possível.”
Nome oficial: The Guns Seller
Autor: Hugh Laurie
Editora: Planeta
Sinopse: Quando Thomas Lang, ex-militar de elite recebe uma proposta de 100 mil dólares para assassinar um empresário norte-americano, ele decide, imediatamente, alertar a suposta vítima - uma boa ação que não ficará impune. Em questão de horas Lang terá de se defender com uma estátua de Buda, jogar cartas com bilionários impiedosos e colocar sua vida (entre outras coisas) nas mãos de muitas mulheres fatais, enquanto tenta salvar uma linda moça e impedir um banho de sangue mundial.


Sarcástico, ácido e eletrizante, mas agora imagine que você precisa quebrar o braço de alguém...

Quando comecei a ler ‘O Vendedor de Armas’ não esperava muita coisa, achei que seria só mais um daqueles romances policiais com um pouco de ação (e façanhas impossíveis), escrito de maneira simples e direta, sem nada muito complexo. Mas felizmente me surpreendi com Hugh Laurie.

A história começa a ser narrada em primeira pessoa e assim termina, o que particularmente me agrada. Já na primeira página de ‘OVdA’ o leitor mergulha em uma briga (ou luta, se preferir) entre o protagonista Thomas Lang e o segurança particular de Alexander Woolf, um empresário estadunidense que, ao longo do livro, se mostrará muito mais que isso.

Bem resumidamente a história se trata de uma conspiração de um grupo renegado da CIA tentando vender uma nova tecnologia de guerra, mais veloz, potente e destrutiva. Porém, para que tal tecnologia seja vendida é necessário que ela se mostre útil. Então, Lang é contratado para cometer um atentado terrorista para que o governo dos EUA mostre a nova arma e arrecade com sua venda.

Não preciso descrever muito a história, basta dizer que ela pode ser facilmente comparada a um daqueles filmes de ação (que passam no Domingo Maior e você nunca consegue ficar acordado pra assistir). Densa, rápida, bem montada e perfeitamente elaborada, digna de um filme de Hollywood.

“Mudando agora para a parte lateral, descobrimos que as orelhas de Rayner foram, há muito tempo, arrancadas com mordidas e depois colocadas de volta, porque a esquerda só podia estar de cabeça para baixo, ou talvez do avesso, ou algo que fizesse você olhar para ela um longo tempo até pensar “ah, é uma orelha”
Lang é um londrino fumante, que leva uma vida consideravelmente miserável, e com um senso de humor questionável e irônico. Já era de se imaginar, afinal, escrito por Hugh Lauren... Enfim, ao longo da obra, Lang se envolve com Sarah Woolf – filha de Alexander Woolf – revelando assim um ‘pequeno’ romance motivador para Thomas. Também merece destaque Solomon, um... (procurando definição exata)... um ‘alguma-coisa’ que sabe tudo da vida de Lang e parece ser seu melhor amigo.

‘O Vendedor de Armas’ ganhou destaque na minha lista de “Lidos” por ser um livro diferente. Não é aquele livro que só te conta uma história. Hugh soube muito bem prender a atenção do leitor, não somente na trama, mas em seus comentários e opiniões frequentes ao longo do livro. A ironia talvez tenha sido o que mais marcou minha leitura (e com certeza marcará a sua também). HL é tão sarcástico em certos momentos que o leitor tem que ler e reler para saber o que realmente está escrito.
“Vi 26 igrejas, 14 galerias e museus e uma casa de ópera – onde o menino Mozart encenou sua primeira performance de Don Giovanni – oito teatros e um McDonald’s. Um dos lugares descritos acima tinha um fila gigante na frente”
Outra coisa muito interessante e descontraída na forma do autor escrever é a apresentação do tema que será abordado expondo a opinião de Lang. Calma, eu explico. Se Hugh irá descrever uma cidade na qual Lang vai se hospedar, o autor faz uma análise (ironicamente crítica) deixando claro seu ponto de vista sobre a cidade. Isso faz o leitor se aproximar do protagonista, e assim vem aquela relação de amor ou ódio.

Como já disse, a obra pode ser facilmente adaptada para o cinema, porque assim como nos filmes, ‘OVdA’ é dividido em 2 partes (sim, essa divisão realmente acontece). A primeira mostra quem é o personagem principal, porque ele está fazendo isso tudo e o que ele tem de fazer. Já na segunda parte as coisas melhoram. Lang se junta a alguns outros terroristas (isso mesmo! Leia o livro e você entenderá) e começam a colocar os planos em ação para ‘salvar o mundo’. Novamente, mais ironia...

Bom, adaptações a parte, o livro é muito bom. Porém, algo negativo me chamou a atenção. Os erros de português são frequentes na obra. Não são aqueles erros grotescos, mas estão lá, e merecem atenção por parte da Editora Planeta. Alguns ‘typos’ como escrever ‘ms’ ao invés de ‘mas’, usar ‘dois-pontos’ no lugar de ‘ponto e vírgula’ e grafar Gun’s and Roses incomodam leitores mais exigentes.

Ah, já ia me esquecendo de mencionar uma coisa que, a princípio, você que vai ler o livro pode estranhar: não há diálogos que se iniciem com travessão. Sim, isso mesmo, todos diálogos estão entre aspas (“desse jeito”). Não é nada que atrapalhe a leitura, mas te força a reler algumas coisas para ter certeza se aquilo é uma fala ou um pensamento divagante de Hugh.

“Morte e desastre estão sobre nossos ombros a cada segundo de nossas vidas, tentando no acertar. A maior parte do tempo ele erram. Muitos quilômetros sem uma colisão central. Muitos vírus passam por nosso corpo sem nos atacar. Muitos pianos caem um minuto depois de você ter passado. Ou um mês depois, não faz diferença.
Então, a menos que a gente se ajoelhe e agradeça a cada vez que um desastre não nos acerta, também não faz sentido reclamar quando ele acerta. Nós ou qualquer outra pessoa. Porque não estamos comparando ele com nada.
E, de qualquer forma, estamos todos mortos, ou nem nascemos, e toda a vida é na verdade um sonho.”
         Enfim, achei o livro digno de uma resenha (senão não estaria escrevendo essa), o que significa que foi bem escrito e que me agradou. Não apenas agradou como também me fez rir sozinho muitas vezes. Se está na sua lista de livros a serem lidos, leia. Caso não, pense a respeito. Se ficou com vontade de ler ou de pelo menos saber como é, vou deixar a seguir dois links para download: Primeiro capítulo (em português) e Livro completo (em inglês)


Bem, espero que tenham gostado,
Lucas M.

3 comentários:

  1. Além de ser uma história digna de resenha também seria digna de um filme.

    http://enfimshakespeare.blogspot.com.br/

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  2. hahah... a resenha já valeria só pra relembrar algumas passagens!

    Tive a impressão que o livro perdeu um pouco do fôlego do meio pro fim, mas no geral, considerei uma boa leitura.

    Interessante como o Hugh Laurie é multifacetado. Ator e autor... não só na literatura, como na música.

    A ironia, pra mim, é o que há de melhor no livro. Além disso, passagens filosóficas como essa última que você transcreveu, são um contraponto a isso... descansam a tua mente do sarcasmo constante!

    Ótima resenha!

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  3. Oi Lucas =)
    Adorei a resenha.
    Eu não conhecia esse livro. Não conheço o autor também, mas sem dúvidas que se eu não tivesse com tantos livros para ler eu o leria, quem sabe no futuro eu o faça. Porque apesar do livro parecer ser bom, de alguma forma não prendeu minha atenção.

    Beijos da Lua =*
    www.tyciahadiresenhas.blogspot.com

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