21 outubro 2012

[Resenha] A Guardiã da Minha Irmã

"Eu me dou conta de que nós nunca temos filhos, apenas os recebemos. E às vezes não é por tanto tempo quanto esperávamos ou desejávamos. Mas ainda é muito melhor do que nunca ter tido esses filhos."
Nome oficial: My Sister's Keeper
Autora: Jodi Picoult
Editora: Verus
Sinopse:  Anna não está doente, mas parece estar. Aos treze anos, já passou por inúmeras cirurgias, transfusões de sangue e internações, para que sua irmã mais velha, Kate, possa combater a agressiva leucemia que a castiga desde pequena. Concebida por fertilização in vitro para ser uma doadora de medula óssea perfeitamente compatível com a irmã, Anna nunca questionou seu papel, até agora. Como a maioria dos adolescentes, ela está começando a buscar sua verdadeira identidade. Mas, ao contrário da maioria dos adolescentes, ela sempre foi definida em função de sua irmã. Até o dia em que Anna toma uma decisão que para grande parte das pessoas seria inconcebível, que vai destroçar sua família e trazer consequências fatais para a irmã que ela tanto ama. A guardiã da minha irmã é um livro provocativo que retrata difíceis escolhas de uma família dilacerada por uma doença - mas, acima de tudo, é a história de pessoas que lutam com todas as forças por aqueles que amam.

A gente não ama uma pessoa porque ela é perfeita, ama apesar de ela não ser.
Comecei o livro sabendo que ele tinha dado origem ao filme Uma Prova de Amor, um daqueles que quando chega no final você (ou pelo menos eu) está grogue de tanto chorar. Tinha prometido que não veria esse filme de novo, a história era dolorosa demais... Mas não resisti ao livro que, por incrível que pareça, consegue ser ainda mais brutal.

A história não é sobre um câncer, tampouco sobre a doação de um rim ou incêndios ou galáxias, mas tem tudo a ver com isso! São nossas escolhas que a autora aborda em sua obra. As escolhas e, obviamente, suas consequências na vida das pessoas que amamos.
“Talvez o que somos não seja definido pelo que fazemos, mas pelo que somos capazes de fazer quando menos esperamos.”
Você tem uma irmã ou um irmão? Caso tenha, pense neles. Caso não, pense em seus pais.  Você os ama?  E se eles estivessem à beira da morte? Você seria capaz de qualquer coisa pela vida deles? 


Até mesmo abrir mão da sua? Até mesmo deixá-los abrir mão da deles?



 Agora, se você é pai ou mãe, até onde iria pela vida de sua criança? É possível ser sempre racional quando se trata de filhos?

 Talvez pensemos que iríamos ao fim do mundo por aqueles que amamos e, de fato, talvez fossemos... Mas será que a pessoa a quem estamos desesperadamente tentando salvar quer ser salva?!  Pensando do fundo do coração, será que é certo determinarmos o destino de alguém com base nos nossos próprios interesses, por mais nobres que sejam?


É isto que a autora tenta fazer: explorar os limites do certo e do necessário... Mostrar que estamos sujeitos a agir de acordo com nossos conceitos éticos e morais

"Na minha vida, no entanto, o prédio estava pegando fogo, uma das minhas filhas estava lá dentro...e a única oportunidade de salvá-la era mandar minha outra filha, porque ela era a única que sabia o caminho. Eu sabia que estava correndo um risco? Claro. Eu sabia que talvez  isso significasse perder as duas? Sim. Eu entendia que talvez não fosse justo pedir que ela fizesse isso? Sem dúvida. Mas eu também sabia que era a única chance de ficar com as duas. Foi legal? Foi moral? Foi uma loucura,uma tolice,uma crueldade? Não sei. Mas sei que foi o certo."
Abordando esses dilemas e contando com personagens bem estruturadas e desenvolvidas, cenários que passam veracidade, informações médicas, processos judiciais e lindas histórias de amor Jodi Picoult envolve o leitor em uma narrativa bastante peculiar. 


Mantendo o foco narrativo em 1ª pessoa ela alterna os narradores entre as personagens principais, facilitando assim nossa compreensão da história em vários pontos de vista, o que, pessoalmente, gosto muito. Entretanto, isso apenas torna mais difícil decidir quem está certo. Mas, talvez, nenhum de nós estejamos mesmo...



Em A Guardiã de Minha Irmã, Kate sofre de um tipo raro de leucemia desde seus dois anos de idade e isso mobiliza sua família desde então, que está disposta a qualquer método de manter sua filha viva por mais alguns dias. É numa dessas tentativas que surge Anna, uma filha do casal que foi concebida por fertilização in vitro para ser uma doadora de medula óssea perfeitamente compatível com a irmã, ou seja, feita sobre medida pra se ajustar a qualquer necessidade da irmã.


Cegamente os pais (Brian e Sara) lutam pela vida de Kate, mas, quem, tendo um um dos filhos à beira da morte, se lembraria de que prometeu ao outro que o levaria para andar de skate? Ou se preocuparia com os amigos que ele tem feito? Tudo simplesmente deixa de ser "tão importante se comparado a..."

"Pela primeira vez na vida, começo a entender como um pai pode bater no filho - é porque você pode olhar nos olhos dele e ver um reflexo de si mesmo que desejava não ter visto."
Em meio a tantas preocupações eles acabam por deixar de lado Anna e Jesse, que crescem tendo que entender o mundo da melhor forma que conseguirem, boa parte do tempo sozinhos. Jesse se rebelou, fugiu para as drogas, para o crime, para as loucuras desenfreadas, enquanto Anna sempre foi o escape, a salvadora. Sempre que havia uma recaída de Kate, ou a necessidade da doação de algum tipo de célula, Anna era "solicitada" à mesa de cirurgia.
"Como alguém passa a pensar que, já que não pode salvar, precisa destruir? E você deve culpá-lo, ou deve culpar os pais, que deveriam tê-lo ensinado que não é assim?”
Cansada disso e motivada por razões que o leitor vai se perguntar por muito tempo, Anna resolve contratar um advogado (Campbel Alexander) para representá-la frente a um processo de emancipação médica. No meio disso tudo surge a curadora ad litem Julia, que vai ajudar o juiz a decidir o que fazer em relação à Anna e, coincidentemente tem um passado tumultuado com Campbel. O romance deles é bem confuso, mas com direito a risos e xingamentos, ou seja, é maravilhoso.


E assim a história vai se desenrolando de formas inusitadas, surpreendendo o leitor e gerando nele um complexo de emoções de todas as espécies, da tristeza à euforia.


A dosagem de informação é instigante! A resposta estará sempre no capitulo seguinte, te fazendo querer ler ainda mais. Exceto quando chega no final, que tudo acontece muito rápido, mas ao mesmo tempo parece que o tempo não passa. É agoniante...



Aliás, o final... Ai aquele final... Não pense que se você viu o filme o livro vai perder a graça, porque não vai! É apenas uma adaptação cinematográfica e, adaptações não são os melhores exemplos de fidelidade. Me julguem, mas prefiro o final do filme. Chorei demais em ambos, mas o do livro é excruciante...

"Se você pegar cada lembrança, cada momento, e colocá-los um ao lado do outro, eles se estenderão até o infinito"
Se ficou com vontade de ler, só uma dica: deixe seus preconceitos de lado enquanto passa as páginas, porque a história com certeza te provocará raiva, inconformidade e indignação. É impossível não julgá-los e não achar que todos têm razão. Tudo que eu mais queria era que eles conseguissem com que Anna tivesse sua emancipação, que Sara conquistasse a cura de sua filha, que Jesse começasse a se ver como parte essencial da família, que Julia e Campbel se explicassem, que Kate vivesse e que Brian tivesse o direito de aproveitar seus três filhos igualmente... Que desse tudo certo pra todo mundo

Infelizmente, é como disse John Green: a vida não é uma fábrica de realização de desejos...
“Não é justo, mas Kate sabe disso. Não é preciso uma vida longa para saber que raramente conseguimos aquilo que merecemos.”
Posso dizer que é um dos livros mais lindos que li. Não lerei novamente porque sei que iria chorar do mesmo tanto ou até mais... Mas se você gosta de histórias fortes, leia! Se gosta de livros que levem a reflexões, leia! Se gosta de histórias de luta e força de vontade, leia! Gosta de romances? Leia também... Se você não gosta de ler, leia!

Só não deixe que essa história maravilhosa fique fora da sua watchlist, garanto que não vai se arrepender! Como incentivo, veja o trailer do filme inspirado no livro:

Espero que tenham gostado.

4 comentários:

  1. Parabéns pela resenha Juliana! Estou ansiosa para ler A Guardiã da Minha Irmã! Beijo!

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  2. Oi, Juliana :)
    Que resenha maravilhosa! Confesso que não estava muito afim de ler o livro porque eu chorei tanto vendo o filme que eu sei que se eu ler este livro irei chorar demais haha, achei a estória muito dolorosa, assim como você. Mas, sempre tive muita curiosidade, agora, fiquei com muita vontade de ler este livro!
    Beijos.

    http://palavrasdeumlivro.blogspot.com.br/

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  3. Que lindo!

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    Flor, tem sorteio rolando no canal do Blog, participe! =)
    http://youtu.be/j2oDF7FsfqY

    Abraço,
    garotas100teen.blogspot.com
    twitter.com/Garotas100Teen
    youtube.com/Garotas100Teen

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  4. Você escreve sinopses fabulosamente bem! Eu tenho que ler esse livro, assistir o filme, tudo! Eu chorei só lendo e vendo o trailer, eu sou muito assim. rs. Amo seu blog demais.

    Te marquei em uma tag no meu blog: http://aquela-garota-doida.blogspot.com/2012/11/11-coisas-sobre-mim.html

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