[Resenha] Feios

“Em um mundo de extrema perfeição, o normal é feio”

Nome oficial: Uglies

Autor: Scott Westerfeld

Editora: Record

Sinopse: Em uma sociedade futurística, todos os adolescentes esperam ansiosos o aniversário de 16 anos, pois então serão submetidos a uma inacreditável cirurgia plástica, que corrigirá todas as suas imperfeições físicas, transformando-os em perfeitos. Tally, porém, acaba se envolvendo em uma conspiração e descobrirá que, por trás de tanta perfeição, se esconde um terrível segredo

Feios e perfeitos, fúteis e controlados, revoltados e temidos

Feios é um daqueles livros dos quais todo mundo já falou. Não é nenhum lançamento e a maioria das pessoas já leu, mas era um dos que estava na minha lista de leitura há muito tempo... Resumindo, resolvi apostar nos comentários gerais.

Não achei a narrativa digna do estardalhaço que causou quando o livro foi lançado. Creio que tenho sérios problemas com narradores personagens, e Tally não me cativou nadinha. O desenvolvimento da trama de Scott não foi o que mais me prendeu, é pouco descritiva e um tanto quanto superficial.

Entretanto, a ideia proposta por ele é, no mínimo, interessante. A beleza como arma de controle da sociedade! Já parou pra pensar sobre a ditadura do"belo"? E no quanto somos facilmente manipulados e controlados para  gostar de certos tipos de coisas? Caso, misteriosamente, não, Feios te levará a essas reflexões. Dá para passar muito tempo refletindo sobre conceitos de beleza e o modo como agimos frente aos estereótipos propostos. E até frente a pessoas que vão contra eles.

Já vou avisando que quaisquer semelhanças com a realidade à sua volta não são nem sequer vestígios de coincidência. 

Tally Youngblood é uma feia que espera ansiosamente por seu aniversário de 16 anos para se tornar uma perfeita. Acontece que, na época em que vive, todas as pessoas passam por uma série de cirurgias plásticas que as deixam com os traços e medidas pré estabelecidos como ideais. Parece realmente bom! Quem nunca quis mudar aquele nariz um pouco mais comprido ou juntar um pouquinho os olhos?

Tally não só quis como esperou a vida inteira por isso e está louca para ser perfeita, afinal, tudo é melhor em Nova Perfeição! As festas, as pessoas, a simetria, o glamour... Além de todas estas vantagens, seus amigos são todos perfeitos e ela está sozinha em Vila Feia. É nessa vontade desesperada de encontrar seu melhor amigo Peris que toda a história começa.

Após criar uma enorme confusão entrando escondida em Nova Perfeição, lar dos perfeitos, Tally conhece Shay, outra feia. Gostei dela no começo, além de inteligente e corajosa ela tinha todo aquele negócio de revolução e ir contra o sistema, que me fez simpatizar. Logo elas ficam muito amigas e cúmplices de aventuras e fugas, mas têm idéias bem distintas a respeito do futuro como perfeitas. Shay não quer realizar a operação e seu desejo é fugir para a Fumaça para encontrar David.

O que mais uma pessoa poderia pedir? A perfeição já é tudo!  Tally fica perplexa com as idéias de Shay, mas mesmo assim não consegue impedi-la de ir. Um montão de coisas acontece a partir do momento que ela foge e, contá-las seria muita maldade da minha parte para aqueles que não gostam de spoilers.

Passei muito tempo falando da historia e comentando pouco sobre ela então, comecemos pelo romance. Sim, a história tem um romance e, como se fosse novidade, achei sem sal. Sem nada de bonito sabe? Não é aquele casal que você pensa quando busca uma história de amor. Acho que pelo fato dela acontecer de repente o leitor é meio que pego desprevenido porque, nada indicava que estava rolando sentimento de uma das partes! Mas vai ver eu fui insensível...

Outras coisas que não me agradaram foram os nomes.  Se você procura um livro repleto de criatividade escolha o próximo da lista. Feios é uma historia interessante, mas, não sei se de propósito, é desprovido de nomes inusitados. Fumaça, Vila Feia, Nova Perfeição e coisas do tipo, totalmente óbvias.

As relações pessoais também não são muito desenvolvidas, o que dá um sentimento de incompletude à personagem, que fica obstinada por uma ideia não clara. Mas não considero isso um defeito. Aliás, a torna ainda mais verídica à medida que coloca as personagens vazias, fúteis, egoístas e de fácil controle. E, não era esse o motivo de tornar todos perfeitos?!

Mais para o final a historia começou a amarrar alguns nós que estavam soltos no início da narrativa e dessa forma subiu um pouco no meu conceito. Tenho que admitir que o jeito como o livro acabou me deixou com muita vontade de ler o segundo: Perfeitos. Só estou esperando encontrar ele livre na biblioteca pública da minha cidade que, a propósito, foi onde peguei Feios.

Numa escala de 0 a 10 minha nota para o livro seria por volta de 7. A consciência crítica que ele tenta formar, apesar de toda a simplicidade, já é motivo para considerar o livro como bom. A crítica se aplica tanto à nossa sociedade atual quanto ao caminho que estamos tomando. É raro encontrar essas propostas em livros infanto-juvenis e acredito que despertar o interesse para questões de alienação e controle de massa sejam essenciais na formação de uma pessoa não submissa às vontades universais.

Parando com meus discursos de revolucionária de sofá, se não leu, leia o livro. É daqueles bem fáceis, pra domingo de manhã, sabe?! Então, vai lá, tem ele pra comprar AQUI e, se gostar de ebook, faça download AQUI, tem os outros da série inclusive!

Se gostarem comentem, caso não, comentem também. E apareçam com freqüência. Até mais pessoas!

Beijos, Ju.