05 novembro 2012

[Crônica] Vou de Mercedes com motorista e acompanhante

Decidi escrever esse texto porque fiquei indignado com a falta de conhecimento das pessoas sobre quanto é ruim andar de ônibus. Em contraposição a um recente post da Juliana aqui no blog dessa vez não vou falar das vantagens de pegar um transporte lotado todos os dias, e sim das suas desvantagens.

Estava na porta de um colégio ontem depois de fazer aquela irritante/inútil prova no ENEM, e ouvi uma garota de uns 18 anos reclamando com a amiga:

- Nossa meu pai já tá atrasado 10 minutos! Será que ele não sabe chegar no horário não?!

Fiquei triste (pra não ter que utilizar palavras de baixo calão) ao ouvir aquilo. Não por ela falar mal do pai, mas por saber que existem pessoas no mundo que não sabem o que é andar de ônibus. Por isso resolvi mostrar-lhes o que realmente é sofrer com transporte público. Todos seus problemas e dificuldades começam no ponto de ônibus (ou ‘busu’ para os íntimos).

Sempre vai ter uma moça chata pra vir falar sobre o tempo. Está fazendo aquele sol de fritar ovo, e ela vem com um “Será que vai chover?”. Poxa vida, considero isso um pleonasmo pior que entrar pra dentro. Quando você finalmente avista o ônibus virando naquela esquina lá na frente já começa agradecer por ter sido salvo de mais perguntas do tipo “Pra onde está indo?”. Você faz sinal para o motorista parar e... Ele não para. E você fica lá com aquela mão suspensa no ar com cara de “Ah, nem queria ir mesmo!”.

Depois de esperar mais 30 minutos, você consegue finalmente pegar o ônibus. Se tiver sorte irá receber um ‘Bom dia’ do cobrador, caminhar facilmente até o fundo do ‘busão’ e sentar sem ninguém do seu lado pedindo o lugar. Mas ao andar de ônibus você nunca estará com sorte... Você se esmaga entre a porta e a bunda de outra pessoa para conseguir entrar no veículo. Depois de uns 3 minutos naquele lugar desconfortável você consegue se esgueirar locomover até o cobrador. Lembra-se do ‘bom dia’? Esqueça! Ele vai te olhar com aquela cara de ‘passa logo moleque’ e se recusar a lhe entregar o troco todo.

Depois de ter pagado a passagem – que por sinal é mais cara que o ingresso para o show do Michael Jackson ressuscitado – você procura o melhor lugar para se acomodar. Bancos? Nem pensar. Quem anda de ônibus só senta se for o cobrador/ motorista ou se bater em um deles. O melhor é correr pro ‘fundão’ porque lá quase ninguém consegue chegar pra te encher o saco.

Se não conseguiu chegar até o fundo, amigo... Sinto em lhe dizer que você se lascou. Terá uma mulher do seu lado contando a uma amiga um caso de uma tia que casou com um cara que trabalhava na loja ‘tal’ e que a traiu com a vizinha. Vai ter um homem suado e fedido do seu lado com aquela coisa que ele chama de braço passando perto do seu nariz. Ah, sem contar naquele menininho catarrento sentado perto da janela que fica comendo um salgadinho mais fedido que o braço do homem. Ô vida...

Como tudo pode ficar pior... Uma mulher vai querer puxar assunto com você. Vai te perguntar onde estuda, aonde mora, vai lhe contar mais uma das historias de ‘tias traídas’ e perguntar qual a cor do cavalo branco de Napoleão (ok, esse última parte eu inventei). Numa hora dessa só há uma coisa a fazer: concorde com tudo que ela disser e se segure para não dizer: eu não quero conversar, por***.
Para piorar ainda mais a situação terá um bus DJ lá no fundo do ônibus ouvindo funk em um celular da Nokia que está pendurado em uma bolsinha de pescoço rosa e com lacinho. E esse mesmo cara estará sempre com uma blusa de moletom dois números maiores do que o tamanho que ele realmente usa, um gorrinho para esconder o cabelo que ele não penteou e balançando a cabeça pra baixo e para cima igual lagarto tomando sol.

Chega de sofrimento! É hora de descer do ‘busu’. Você puxa a cordinha e (se ela não arrebentar na sua mão) torce para que o motorista do ônibus pare. Agora é a última prova do seu teste de sobrevivência em um transporte coletivo. Você está a 3 metros da porta com 39 pessoas entre você e o ar puro do lado de fora.
Naqueles 10 segundos que o motorista espera no ponto você: passa por uma velhinha que carrega banana da feira, pula sobre três emos que estavam na sua frente, desvia de cinco pares de mãos que gesticulavam freneticamente e finalmente começa a sair pela porta que...

Fecha na sua mão!

(O objetivo desta crônica é trazer um texto divertido aos leitores do blog. Não houve intenção de denegrir a imagem de nenhum grupo social nem de descriminá-los.)

7 comentários:

  1. Que texto mais gostoso! Esbocei vários sorrisos!
    :D

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  2. eu já me acostumei a andar de onibus, como não ando muito em horario de pico e aqui em Fortaleza nem todas as linhas são essa lotação toda sempre dá pra conseguir um cantinho sentada, com sorte na janela, mas fico com raiva quando vem aquela gente tentar puxar assim, poxa será que eles não vêem que eu to com fone de ouvido ou com um livro na mão?

    http://himi-tsu.blogspot.com.br/

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  3. Adorei a crônica hehe. Consegui lembrar de várias situações parecidas que vivi rs. Principalmente na volta da faculdade. Aff. Já aconteceu de a porta fechar na minha mão. No meu caso, eu estava do lado de fora e o ônibus andou um bom pedaço me arrastando. Hunf. =(
    Parabéns pela crônica.

    Beijos
    http://navirj.blogspot.com.br

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  4. Valeu gente! Acho que as pessoas pensam que estou no bus pra fazer amizades. Aff! To la e pra chegar em algum lugar, e nao pra conversar!

    Lucas M

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  5. Oi Juliana, eu adorei a crônica e concordo com a Alice Golva, o texto é muito gostoso de ser lido haha! Mas, o pior é que isso tudo é verdade mesmo e ás vezes, é ainda pior em certos horários. Para mim, é ainda pior quando está muito cheio e não tem aonde segurar porque eu sou baixinha e não consigo segurar na barra que fica no alto haha. Enfim, parabéns pela crônica.
    Beijos.

    http://palavrasdeumlivro.blogspot.com.br/

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  6. Agradecimentos ao meu parceiro, que suporta as andanças de onibus (assim como eu) e escreveu a crônica, o Lucas M.

    Mesmo assim,
    obrigada (:

    Beijos

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